A Bridgestone, maior empresa de pneus do Japão, pretende fabricá-los utilizando uma planta russa, o dente-de-leão. A corporação japonesa planeja extrair látex do vegetal e consequente fabricar a borracha dos seus produtos. Esta espécie de flor amarela, abundante na Rússia, é considerada pelos botânicos como a melhor para a produção da borracha industrial.
De acordo com o presidente do Centro de Investigação e Tecnologia da Bridgestone America, Hiroshi Mouri, existem mais de 1.200 espécies de plantas das quais se pode produzir borracha, porém é difícil encontrar uma que possa servir de matéria-prima em quantidades industriais. Segundo o cientista japonês, as pesquisas efetuadas pelos especialistas da empresa mostraram que o dente-de-leão russo tem excelentes possibilidades de fornecer o látex na quantidade necessária à produção dos seus pneus.
A empresa já pensa em criar uma filial na Rússia e iniciar a produção experimental dos novos pneus, à base da planta russa, até 2014, explica Hiroshi Mouri. “O látex natural pode ser substituído pela borracha sintética, mas isso nem sempre satisfaz os fabricantes de pneus. Atualmente, cerca de 60% dos melhores pneus para automóveis são de borracha natural, que é fabricada pela transformação do látex, ou suco da seringueira, planta nativa da América do Sul e do Sudeste Asiático. Os preços elevados dessa matéria-prima obrigam os fabricantes de pneus a procurar alternativas. Nesse particular, a planta dente-de-leão torna-se interessante porque, ao contrário da seringueira, o seu crescimento não está limitado aos países de clima quente. Além disso, a qualidade do seu látex é comparável ao látex do extraído por métodos tradicionais. Por isso, a planta da Rússia atraiu o interesse do Japão e também de outros países, como Estados Unidos, Alemanha e China. O dente-de-leão russo é um achado para a indústria de pneus.”
Para o Catedrático de Química e de Tecnologia do Caucho e da Borracha do Instituto Estatal de Tecnologia de São Petersburgo, Nikolai Sirotinkin, o problema da produção do látex em escala industrial é realmente complexo. Caucho é uma árvore que atinge mais de 35 metros de altura, presente na Floresta Amazônica, que também se presta á obtenção do látex. Ele lembra que, desde os anos 30 do século XX, a Rússia da era soviética investiu fortunas tentando encontrar a solução para o problema."Foram encontradas outras fontes de látex, entre as quais o dente-de-leão. Ou seja, existe uma solução positiva do ponto de vista técnico. Mas o panorama é diferente do ponto de vista econômico: a partir de uma tonelada de caules de dente-de-leão secos, podem ser obtidos 80 quilos de látex. Trata-se de um retorno de apenas 8%. No caso do látex da seringueira, esse indicador é de, pelo menos 50 a 60%. Isto explica a razão de tantos investimentos feitos para a obtenção do produto.”
No entanto, apesar de necessitar de todo este volume de investimentos, o dente-de-leão russo é uma aposta alta na Bridgestone, porém tida como certeira, segundo Hiroshi Mouri. “O custo de produção do látex, a partir do dente-de-leão russo, será sempre bastante inferior ao da matéria-prima tradicional.” O Dente-de-leão, nome popular de várias espécies pertencentes ao gênero botânico Taraxacum, das quais a mais comum é a Taraxacum officinale, trata-se de uma planta medicinal herbácea conhecida no Brasil também por outros nomes populares, como taráxaco, amor-de-homem, amargosa, alface-de-cão ou salada-de-toupeira.
Fonte Diário da Russia
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