Garantia e validade dos pneus são dois dados distintos.
Desde outubro de 2016, todos os compostos de carros de passeio
fabricados no Brasil devem receber a etiqueta de eficiência energética,
parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), coordenado pelo
Inmetro. No entanto, a etiqueta dos pneus leva apenas três fatores em
conta: economia de combustível, frenagem no molhado e emissão de ruídos
externos.
Sendo assim, nem a validade e nem a garantia estão inseridos na etiquetagem. Apesar
disso, não existe prazo de validade para pneus. Por isso não existe
nenhuma marcação referente ao ano final da vida útil dos compostos.
Já a garantia, por sua vez, é um prazo dado pelo fabricante contra
qualquer defeito de fabricação que venha ser constatado durante o uso,
exceto as avarias de natureza acidental e aquelas decorrentes de uso
inadequado do produto. No entanto, é plenamente possível que um pneu
ainda esteja em boas condições de uso mesmo após o término da garantia. São cinco anos a partir da data de compra
Como a validade é indeterminada, o consumidor pode seguir alguns
procedimentos para saber quando se o pneu está em bom estado antes de
comprar.
O primeiro passo é ir a uma loja especializada, que terá
profissionais treinados para auxiliar na tarefa. Vale também conferir
como o produto está armazenado. Isso é importante pois se foram
guardados incorretamente, pode acontecer com que os compostos sofram
deformações e a borracha perca algumas de suas propriedades.
Além disso, o pneu não deve ter contato com derivados de petróleo e
outros produtos químicos que possam agredir e deteriorar a composição
química dele.
NUNCA O PNEU PODE SER VENDIDO PELO COMÉRCIO SE A DATA DO DOT Á TIVER VENCIDA ( após 5 anos da fabricação )
Por mais que não tenha prazo de validade, recomenda-se, como
precaução, que pneus com 10 anos ou mais da data de fabricação sejam
substituídos. Até mesmo o estepe, que talvez nunca tenha sido utilizado,
deve ser substituído segundo os fabricantes.
A novidade já estava disponível desde 2015, mas passou a ser obrigatória
a partir do dia 29 de abril de 2018, a Portaria 544/2012, do Inmetro,
determina que os estabelecimentos só poderão vender pneus novos radiais
de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus com uma identificação
especial, a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE).
A nova etiqueta possui três critérios a serem avaliados e classificados de A a G, sendo A o mais eficiente:
1) Resistência ao Rolamento:
esta informação está relacionada a eficácia energética, medindo a
energia que é absorvida durante o rolamento do pneu. Menor será o
consumo de combustível se a resistência ao rodar for também menor. O
benefício é sentido no meio ambiente, já que haverá redução de emissões
(escalas da etiqueta de A até F); 2) Aderência em piso molhado:
como o próprio nome apresenta, esta segunda escala atesta ao consumidor
sobre a aderência do produto em situações de pistas molhadas, medindo a
distância percorrida pelo automóvel após a frenagem quando o solo está
molhado. Ela engloba veículos de passeio e outros pesados (caminhões,
ônibus, etc) e vai de classificação A até E; 3) Ruído externo:
se tem algo que incomoda os motoristas são os ruídos. Por último, a
nova regra, agora, classifica o grau de ruído que os pneus causam em dB
(decibéis). E há regras, para os automóveis de passeio, o limite máx é
de 75 dB. Nos comerciais leves fica em 77 dB, no máximo. Já os pesados,
caminhões e ônibus: 78 dB.
Vale ressaltar que a etiqueta não
precisa estar obrigatoriamente fixada nos carros 0km. No entanto, elas
devem estar certificadas, seguindo as legislações.
A
regulamentação auxilia o consumidor, facilitando na decisão pelo pneu
mais adequado. Infelizmente ela não irá responder a maior dúvida dos
compradores: a durabilidade do pneu.
Segundo Klaus Curt Müller, presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, diz que
“Os fabricantes nacionais já produziam pneus de alta qualidade mesmo
antes do início do programa. Desde 2015, além da diferenciação dos
produtos no mercado, a etiqueta também passou a ser mais um estímulo à
competitividade entre os fabricantes, o que favorece o desenvolvimento e
a fabricação de produtos cada vez mais eficientes” – disse por meio de assessoria de imprensa informando que a lei não afeta a indústria.
Você já deve ter ouvido falar de pneus
verdes. O termo, que se popularizou nos últimos anos, diante da
importância cada vez maior da eficiência energética e da redução de
emissões, identifica os compostos de baixa resistência ao rolamento.
Essa característica faz com que o automóvel gaste menos combustível,
afinal, vale dizer que aproximadamente de 20% do consumo de um automóvel
são utilizados para vencer o atrito com o solo.
Na aparência, os pneus de baixa resistência ao rolamento são iguais aos
pneus convencionais. A principal diferença está na sua composição, com a
sílica (dióxido de silício) substituindo parte do negro de fumo (pó
escuro fabricado por meio da queima de óleos em fornos especiais),
elemento fortalecedor da borracha e essencial para a construção dos
pneus.
A sílica, basicamente, executa a mesma função que o negro de fumo. “No
entanto, um pneu com sílica produz menos calor no atrito com o solo”,
afirma Fabio Migliano, gerente de produto e motorsports da Pirelli,
explicando que, dessa forma, há menos desperdício de energia. “O pneu
trabalha mais frio. A energia que antes era transformada em calor, pode
ser usada para gerar movimento”.
Ainda segundo o executivo da Pirelli, a presença da sílica nos pneus
vem se transformando em um padrão, mesmo em aplicações que não tenham a
economia de combustível como prioridade número um. “Mesmo no
desenvolvimento de pneus para um esportivo, a montadora inclui a baixa
resistência ao rolamento como um dos requisitos”, diz. “Por isso, hoje
em dia, essa adição de sílica é uma evolução incorporada em diversos
tipos, até mesmo em pneus de uso misto. Só não acontece nos pneus 100% off-road.”
Até
mesmo por isso, segundo a ANIP, Associação Nacional da Indústria dos
Pneumáticos, não existe uma regulamentação específica para que se possa
classificar um pneu como “verde”. Não existe vínculo nem mesmo com os
resultados da etiquetagem veicular do Inmetro - embora, evidentemente,
deles sejam esperadas as melhores notas na avaliação de resistência ao
rolamento. Outros fatores De acordo com
Eduardo Roveri, gerente de certificação da Continental Pneus, muitos
outros fatores evoluíram no processo de construção dos pneus e que
também contribuem para economia de combustível. “É possível trabalhar em
outras áreas, como as zonas de deformação em sua estrutura”, diz,
explicando que, quanto menos o pneu se deformar, menor resistência ao
rolamento ele terá. “Ou, também, com os tipos de borracha ou o desenho e
a rigidez das bandas de rodagem.”
Mas o cobertor, muitas vezes, acaba por ficar curto. A própria adição de sílica tende a aumentar a distância de frenagem no molhado
- já que, nessa situação, o menor calor gerado prejudica o desempenho
-, exigindo que o fabricante altere outros elementos do pneu para
compensar. Por isso, Roveri explica que nenhuma fabricante de pneus
trabalha a questão da economia de combustível observando apenas um fator
(a adição de sílica), mas uma série de variáveis ao mesmo tempo.
Tudo isso pode gerar uma grande confusão para o consumidor, mas o Programa Brasileiro de Etiquetagem de Pneus pode ser um bom indicativo na hora de comprar pneus novos - nele, existe a indicação o nível de resistência ao rolamento (pneus “A” nesse quesito são os que menos gastam combustível), desempenho de frenagem em piso molhado (“A” indica menor distância) e o nível de ruído emitido pelo composto.
Os
dois executivos consultados ainda recomendam que, diante de
necessidades específicas não contempladas na etiqueta, como robustez
para quem roda em piso muito ruim ou durabilidade para quem anda muito
em estrada, o consumidor converse com os consultores nos pontos de
venda, para verificar quais produtos melhor atendem a essas demandas.
Preocupação mundial
e histórica, os pneus velhos, aos poucos, estão deixando de ser um
problema insolúvel no Brasil. Na verdade, hoje já até fazem parte de
solução para alguns setores industriais ao servirem como insumo ou, em
último caso, como combustível para fornos.
Somente no ano passado foram coletadas mais de 458 mil toneladas de
pneus inservíveis no País. O trabalho é feito pelos próprios fabricantes
de pneus por intermédio da Reciclanip, entidade que gerencia o processo
de logística reversa do setor, criada em 2007 pela Anip, a associação
nacional dos produtores de pneus.
O volume equivale a 101,78% da meta estabelecida pelo Ibama e a cerca
de 91,6 milhões de pneus para carros de passeio. Desde 1999, os
fabricantes já recolheram 4,5 milhões de toneladas de pneus inservíveis,
o equivalente a 898 milhões de pneus.
No ano passado, a região Sudeste respondeu por 56,83% do total
coletado, seguida pelo Sul, com 21,17%. Na sequência aparecem
Centro-Oeste, Nordeste e Norte, com 9,77%, 9,05% e 3,17%,
respectivamente, aponta o órgão ambiental no Relatório de Pneumáticos
2018.
Foto: Pixabay
Ultrapassar o índice proposto como meta de reciclagem tem sido
rotineiro para a Reciclanip desde 2009. Em 2014 e 2015 a coleta chegou a
mais de 106,9% da meta. Em peso, porém, 2017 é a recordista.
Os pneus inservíveis são coletados e destinados para empresas
trituradoras. Depois desse processo, o material é reaproveitado como
combustível alternativo nas indústrias de cimento, fabricação de solados
de sapatos, borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras
poliesportivas, pisos industriais, além de tapetes para automóveis e a
produção de asfalto-borracha.