No Salão do Automóvel de Frankfurt, uma análise corriqueira da
imprensa local nos chamou a atenção. Logo depois de olhar o carro
exposto, o próximo passo era abrir o porta-malas para avaliar se o
espaço havia sido prejudicado pelo estepe. Por lá, ou os estepes eram do
tipo temporário ou nem mesmo existiam.
Chamados na Europa de
compact spare (estepes compactos), este é um item nos carros que vem causando muita polêmica aqui no Brasil.
Para entender melhor a ideia inicial do estepe, voltamos um pouco na história. A palavra estepe vem do termo inglês
step tyre ou “pneu do estribo”, isso porque os antigos automóveis costumavam trazer o pneu sobressalente (
tyre) sobre o estribo lateral
(step). Com o tempo, o
design dos
carros foi aperfeiçoado, o que retirou aquela roda da lateral, o
passando para a traseira e posteriormente para dentro do porta-malas.
Sim, há os aventureiros que carregam a roda pendurada na tampa do
porta-malas.
Na Europa, a racionalidade prevalece
sobre a aparência. Tanto é que o mesmo Ecosport vendido aqui no Brasil é
oferecido lá com a tampa traseira limpinha.
Várias soluções para o estepe foram pensadas, sendo que a mais comum
atualmente no Velho Continente é justamente o uso do estepe temporário,
também chamados de
compact spare ou
mini spare. São
pneus com dimensões diferenciadas, geralmente com larguras de seção bem
reduzidas e perfis altos, com diâmetros internos maiores, construídos
especificamente para serem usados temporariamente em caso de danos nos
pneus rodantes. Identificar um pneu temporário não é difícil: sua
nomenclatura carrega a letra “T” antes da dimensão.
“O assunto é controverso por várias razões. A importância de se ter
um pneu reserva é indiscutível, uma vez que os pneus estão sujeitos a
danos e consequente inadequação ao uso por falta de pressão. Por outro
lado, levar um conjunto roda-pneu a mais nos força e carregar um
considerável peso morto dentro do veículo, em tempos de um mercado que
exige máxima eficiência energética dos carros. Somamos a esse argumento a
questão do espaço demandado para levar este conjunto, quando temos
veículos cada vez mais compactos”, explica Rafael Astolfi, gerente de
assistência técnica da Continental Pneus Mercosul.
Aqui no Brasil, o uso de pneus temporários têm ganhado força nos
últimos anos país graças às demandas do programa Inovar-Auto do Governo
Federal e da crescente exigência dos motoristas brasileiros por veículos
econômicos. E, obviamente, aumentou também a discussão sobre o assunto.
Há argumentos pró e contra tanto por parte dos consumidores, das
montadoras e dos fabricantes de pneus. Favoravelmente, os estepes
compactos reduzem o peso do conjunto sobressalente em 60% ou mais, são
menos visados por ladrões, podem ser usados mais de uma vez,
substituem
os pneus rodantes mesmo em casos de avarias em suas laterais e
dificilmente o consumidor precisará adquirir outro pneu temporário
durante a vida útil do veículo.
Por outro lado, o consumidor tem uma sensação inicial de perda, uma vez que, por ter dimensões menores, o
compact spare não
pode ser usado para integrar o rodízio tradicional de pneus. Quem roda
muito, quando troca os pneus já gastos tem que comprar quatro pneus
novos e não três. Já os principais benefícios para quem compra um carro
com esta versão de estepe reside no melhor aproveitamento de espaço
interno do veículo, permitindo otimizar a área dedicada às pessoas e
também às bagagens além da redução do consumo de combustível e da
emissão de CO
2 durante toda a vida útil do veículo.
Os que são contrários aos estepes compactos alegam ainda que eles
provocam tendência direcional nos veículos – o que é proposital, em
razão do perímetro de rodagem diferente – e também restrições em relação
à velocidade.
“Independente dos argumentos, o fato é que nenhuma solução é definitiva: os pneus temporários, as tecnologias
run-flat ou mesmo os nossos tão conhecidos pneus sobressalentes iguais aos rodantes (
full spare, em inglês) possuem vantagens e limitações”, comenta Rafael Astolfi.
Só para ilustrar o que acontece em mercados mais amadurecidos, hoje,
nove em cada dez carros vendidos na Grã Bretanha já não utilizam mais o
estepe convencional. Segundo Rafael Astolfi, independente das opiniões
divergentes, a gradativa substituição do estepe tradicional por
alternativas como os
compact spares ou pneus com a tecnologia
run-flat é
uma tendência irreversível. “Caminhamos a passos largos em direção a
veículos de propulsão híbrida, onde os motores e baterias ocupam muito
espaço, e também para os veículos autônomos. Pneus sobressalentes
full spare definitivamente não se encaixam nesse perfil”, conclui o especialista da Continental Pneus.
E você, é a favor do estepe temporário ou prefere uma roda com pneu exatamente na mesma dimensão como estepe? MATERIA ORIGINAL COPIADA DA PAGINA DA CARPLACE