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15 agosto, 2012

Reciclagem do pneu no Brasil


Os dados apontam um descarte de 17 milhões de pneus por ano em nosso país. Eles infestam o lixo urbano, entopem rios, comprometem nascentes e servem de criadouros para mosquitos transmissores da malária e da dengue. Temos ainda seu inchaço e consequente estouro quando absorvem os gases de lixões e sua queima no ambiente, que pode durar até 30 dias, causando poluição do ar e contaminando a água do subsolo, já que o processo libera mais de 10 litros de óleo por pneu.
A situação só não é pior porque a tradição da recauchutagem é muito forte entre nós e estamos em 2º lugar no ranking mundial, logo depois dos Estados Unidos, em unidades recauchutadas. Isso retarda o problema do descarte final das carcaças, dando uma sobrevida de 40% à vida útil do pneu. No Brasil, reforma-se e reaproveita-se cerca de 30% dos 63 milhões de pneus novos fabricados por ano, totalizando quase 18 milhões de unidades recuperadas, segundo a ABR e a ANIP — Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos.
O Paraná é um dos principais polos recicladores de pneus do Brasil. A paranaense Ecija Comercial Exportadora e Importadora de Manufaturados investe no setor desde 1992, inclusive exportando o material reciclado para a Europa, que o utiliza em artefatos de borracha, asfalto e parte da composição de novos pneus.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) definiu em 1999 que fabricantes e importadores são responsáveis por coletar e dar destino ambientalmente adequado aos pneus inservíveis, confirmado pela resolução Conama 416, de 2009. Desde 2007 as empresas Pirelli, Firestone, Michelin, Goodyear e Bridgestone fundaram a RECICLANIP, ligada à Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos, que coleta e dá destinação final aos pneus inservíveis. Existem hoje quase 500 postos de coleta em todo o país, normalmente em parceria com as prefeituras.
De maneira geral, os pneus hoje usam apenas 10% de borracha natural, 30% de derivados de petróleo (borracha sintética) e 60% de fios de aço e outras fibras, entremeadas na estrutura do pneu. A famosa propaganda do “pneu de aço”, portanto, está bem alinhada com a realidade.
Essa complexidade estrutural dos pneus modernos dificulta seu reaproveitamento, pois são muitos os componentes que devem ser separados da borracha vulcanizada. Os pneus são cortados e moídos e desvulcanizados pelo uso de produtos químicos. O resultado é então refinado até se obter uma manta uniforme ou grânulos de borracha.
Como nenhum processo consegue desvulcanizar a borracha completamente, o resultado final é de menor resistência que o produto original, mas é de grande utilidade para um grande número de produtos: câmaras de ar, saltos e solados de sapatos, tapetes e passadeiras, estofados, rodos domésticos, colas e adesivos, buchas para eixos de ônibus e caminhões, além de revestimentos para áreas de esporte e lazer.

Sua queima para aquecer caldeiras, em fornos de cimento e usinas termoelétricas é bastante proveitosa em termos energéticos, pois cada quilograma de pneu libera até 30% a mais de energia do que um quilograma de madeira ou carvão, mas o controle da poluição do ar deveria ser mais rigoroso do que aquele hoje em vigor.
Retirado de O Mundo da Usinagem

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