Os dados apontam um descarte de 17 milhões de pneus por ano em nosso país. Eles infestam o lixo urbano, entopem rios, comprometem nascentes e servem de criadouros para mosquitos transmissores da malária e da dengue. Temos ainda seu inchaço e consequente estouro quando absorvem os gases de lixões e sua queima no ambiente, que pode durar até 30 dias, causando poluição do ar e contaminando a água do subsolo, já que o processo libera mais de 10 litros de óleo por pneu.
A situação só não é pior porque a tradição da recauchutagem é muito forte entre nós e estamos em 2º lugar no ranking mundial, logo depois dos Estados Unidos, em unidades recauchutadas. Isso retarda o problema do descarte final das carcaças, dando uma sobrevida de 40% à vida útil do pneu. No Brasil, reforma-se e reaproveita-se cerca de 30% dos 63 milhões de pneus novos fabricados por ano, totalizando quase 18 milhões de unidades recuperadas, segundo a ABR e a ANIP — Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos.
O Paraná é um dos principais polos recicladores de pneus do Brasil. A paranaense Ecija Comercial Exportadora e Importadora de Manufaturados investe no setor desde 1992, inclusive exportando o material reciclado para a Europa, que o utiliza em artefatos de borracha, asfalto e parte da composição de novos pneus.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) definiu em 1999 que fabricantes e importadores são responsáveis por coletar e dar destino ambientalmente adequado aos pneus inservíveis, confirmado pela resolução Conama 416, de 2009. Desde 2007 as empresas Pirelli, Firestone, Michelin, Goodyear e Bridgestone fundaram a RECICLANIP, ligada à Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos, que coleta e dá destinação final aos pneus inservíveis. Existem hoje quase 500 postos de coleta em todo o país, normalmente em parceria com as prefeituras.
De maneira geral, os pneus hoje usam apenas 10% de borracha natural, 30% de derivados de petróleo (borracha sintética) e 60% de fios de aço e outras fibras, entremeadas na estrutura do pneu. A famosa propaganda do “pneu de aço”, portanto, está bem alinhada com a realidade.
Essa complexidade estrutural dos pneus modernos dificulta seu reaproveitamento, pois são muitos os componentes que devem ser separados da borracha vulcanizada. Os pneus são cortados e moídos e desvulcanizados pelo uso de produtos químicos. O resultado é então refinado até se obter uma manta uniforme ou grânulos de borracha.
Essa complexidade estrutural dos pneus modernos dificulta seu reaproveitamento, pois são muitos os componentes que devem ser separados da borracha vulcanizada. Os pneus são cortados e moídos e desvulcanizados pelo uso de produtos químicos. O resultado é então refinado até se obter uma manta uniforme ou grânulos de borracha.
Como nenhum processo consegue desvulcanizar a borracha completamente, o resultado final é de menor resistência que o produto original, mas é de grande utilidade para um grande número de produtos: câmaras de ar, saltos e solados de sapatos, tapetes e passadeiras, estofados, rodos domésticos, colas e adesivos, buchas para eixos de ônibus e caminhões, além de revestimentos para áreas de esporte e lazer.
Sua queima para aquecer caldeiras, em fornos de cimento e usinas termoelétricas é bastante proveitosa em termos energéticos, pois cada quilograma de pneu libera até 30% a mais de energia do que um quilograma de madeira ou carvão, mas o controle da poluição do ar deveria ser mais rigoroso do que aquele hoje em vigor.
Retirado de O Mundo da Usinagem
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